A FAMÍLIA NO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL
Palavras-chave:
Família; Adoecimento; Cuidado; Psicologia.
Resumo
Este trabalho tem como objetivo elucidar a importância do papel familiar no cuidado em saúde mental, bem como suas dificuldades e limitações neste processo. Compreende-se que o envolvimento da família pode ser considerado um recurso poderoso para o cuidado e tratamento no que diz respeito ao adoecimento mental. A metodologia utilizada priorizou a coleta de dados e informações por meio da observação naturalista, visto que ela consiste na possibilidade de delimitar todo o fazer do estudante – identificando demandas, objetivos, hipóteses, e possíveis intervenções, e de uma revisão bibliográfica sistemática, na qual foram consultadas fontes acadêmicas relacionadas ao tema. Durante o Estágio Supervisionado Básico I e II, componente curricular do curso de Psicologia, em uma clínica que possui como enfoque a dependência química e outros transtornos psíquicos, no interior do Rio de Janeiro, pôde-se observar, por meio da participação em rodas de conversa que acontecem tanto com os pacientes quanto com seus familiares, mediadas por psicólogos que atuam no local, a maneira como estes podem adoecer devido ao impacto da patologia e adoecimento sobre um de seus membros. Notou-se que, em detrimento da necessidade de cuidar e zelar pelo outro, em diversos casos, há a perda do cuidado em si mesmo, deixando de lado suas necessidades e seus próprios sofrimentos. Ademais, devido a importância que a família possui, tendo como papel o incentivo, apoio e acolhimento ao indivíduo em sofrimento psíquico, ela pode, em determinados momentos, assumir uma responsabilidade e controle pela melhora, e até mesmo pela vida do outro, tornando-se uma carga insustentável, podendo os levar ao sentimento de insuficiência e sobrecarga, além de prejudicar o processo do paciente, ao qual ele precisará percorrer por conta própria, em busca da recuperação e reconstrução de sua autonomia, para além da patologia. Dessa maneira, evidenciou-se, de forma imprescindível, a importância de se abordar tal temática com as famílias dos pacientes da clínica. Assim, o projeto de intervenção elaborado com base na demanda observada foi desenvolvido em uma roda de conversa, abordando o tema e contando com a participação dos familiares, de maneira que cada um pôde compartilhar seus pensamentos, medos, vivências, bem como serem ouvidos, possibilitando a troca e o amparo de muitas angústias, advindas do adoecimento mental, que impacta não somente o próprio sujeito, como aqueles que o acompanham em seu percurso.
Publicado
2024-12-09