Cosmogonias e a música: Reflexão acerca do inconsciente coletivo e as representações musicais nos mitos de origem

Palavras-chave: música, mito, etnomusicologia, inconsciente coletivo, arquétipo

Resumo

É um estudo exploratório que tem por objetivo demonstrar a frequente presença da música em mitos e cosmogonias, com isso procura constituir um caminho produtivo para conjecturar a condição ontológica da música junto ao homem tendo em vista que essa repetição entre criação e música pode alçar a hipótese de um inconsciente coletivo. Adota o procedimento metodológico de pesquisa bibliográfica e utiliza o referencial teórico calcado nos conceitos de Platão sobre a música e de inconsciente coletivo de Jung. Esse estudo é parte de nossa pesquisa que também tem por fim inserir a reflexão do tema nas salas de aula onde se estudam, pensam e fazem música, impulsionando a exclusão de um discurso utilitarista e subserviente da educação musical unicamente como recurso didático ou de lazer. Ponderamos observar a música como conhecimento fundamental na formação humana. Para tanto colhemos mitologias de origens de diversas civilizações em livros e periódicos. Nosso levantamento conclui que a música se apresenta nos mais diversos mitos cosmogônicos, em diferentes partes do globo, assim como em tempos distintos. Não só no lugar de criadora, mas também de criatura. Ela é gestante da existência na diversidade da experiência humana. É possível ponderar a existência de um inconsciente coletivo que rege essa tema como um arquétipo humano.

Biografia do Autor

Anderson Carmo de Carvalho, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO, Rio de Janeiro, RJ
Bolsista Capes Doutorando do PPGM – UNIRIO
Celso Garcia de Araújo Ramalho, Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, RJ
Professor Associado da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

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Publicado
2021-03-21
Como Citar
CARVALHO, A.; RAMALHO, C. Cosmogonias e a música: Reflexão acerca do inconsciente coletivo e as representações musicais nos mitos de origem. Revista Científica do UBM, v. 21, n. 41, p. 61-89, 21 mar. 2021.
Seção
Artigos